A INSERÇÃO DAS MULHERES NO MAGISTÉRIO CAPIXABA: DESDOBRAMENTOS POSSÍVEIS NO TRABALHO DOCENTE NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (1845-1920)

Nome: ELDA ALVARENGA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 31/01/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
REGINA HELENA SILVA SIMÕES Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALESSANDRA FROTA MARTINEZ DE SCHUELER Examinador Externo
FERNANDA ZANETTI BECALLI Examinador Externo
JANETE MAGALHÃES CARVALHO Examinador Interno
REGINA HELENA SILVA SIMÕES Orientador
SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO Examinador Interno

Resumo: Investiga o processo histórico de inserção das mulheres no magistério primário público e seus desdobramentos para o trabalho docente no Estado do Espírito Santo (1845-1920). Focaliza elementos que permearam a passagem de uma profissão inicialmente exercida exclusivamente por homens, para uma atividade profissional feminizada, utilizando, como eixos de análise, a expansão do acesso à escolarização, as reformas na instrução pública e a atuação da Escola Normal no processo de ocupação feminina do magistério público e da sua posterior feminização. A tese argumenta que o ingresso das mulheres no magistério se vincula, de modo indissociável, à expansão da instrução básica para ambos os sexos, na medida em que, para atender aos padrões sociais do período estudado, as mulheres foram chamadas para exercer a docência das meninas, ao mesmo tempo em que, devido à carência geral de professores normalistas, a sua presença se fez necessária também em classes mistas. Esta pesquisa baseia-se nas seguintes hipóteses: a ampliação do acesso das meninas à escolarização abriu a porta para a presença crescente das mulheres no magistério, impulsionando a atuação feminina no Curso Normal, o principal instrumento de formação e habilitação para os professores e professoras no entresséculo. A investigação teve como referência o início do trabalho das professoras nas escolas oficiais do ensino público no Espírito Santo, em 1845, e a sua generalização, ou feminização em 1920. Orienta-se na prática historiográfica de base indiciária, tendo como principal referência os estudos de Carlo Ginzburg (1989, 1990,1991, 2002,2006, 2007, 2013). Situa-se no campo da História da Educação, mais especificamente na História da Educação no Estado do Espírito Santo. O corpus documental constitui-se de: regulamentações legislativas do período em tela; portarias e resoluções da Secretaria de Instrução relativas às professoras; inquéritos administrativos de inspetores e diretores escolares e certificados da Escola Normal; livros de matrículas e movimentação docentes; relatórios e mensagens dos presidentes; vice-
presidentes, e governadores do Espírito Santo; artigos publicados na imprensa periódica local (noticiosa, oficial e pedagógica); relatórios de inspeção; fontes bibliográficas e imagéticas. Considera-se que o início da atuação das mulheres no magistério primário no Espírito Santo ocorreu em 1845, com a contratação da professora Maria Carolina Ibrence que ocupou a primeira cadeira feminina da Capital
da província. Do ingresso da primeira professora até o final do século, o crescimento do número de matrículas de meninas foi irrisório, ao passo que as classes e escolas mistas contribuíram relevantemente para a ampliação da participação das mulheres como professoras. No entresséculo, as reformas do ensino empreendidas por Moniz Freire (1892) e Gomes Cardim (1908) promoveram alterações na instrução primária no Espírito Santo ao aprimorarem a institucionalização do ensino público, expandirem as matrículas em escolas públicas para ambos os sexos, reformularem a Escola Normal e estabelecerem parâmetros para a profissionalização do magistério exercido, tendo a Escola Normal como locus privilegiado para a formação de mulheres professoras. Em 1920, já é possível observar a presença majoritária das mulheres tanto na docência nas escolas primárias do Estado como na Escola Normal. Conclui-se, portanto, que o processo de feminização do magistério começou a se desenhar nas duas últimas décadas do século XIX e se consolidou na segunda década do século XX. Compuseram esse processo: a criação e proliferação das escolas mistas, a expansão da obrigatoriedade da instrução primária para o sexo feminino, a consolidação da Escola Normal e o afastamento dos homens da docência primária. Esses elementos, em seu conjunto, impulsionaram a feminização do magistério capixaba no período investigado.

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