A campanha de educação de adolescentes e adultos no Brasil e no estado do Espírito Santo (1947-1963): um projeto civilizador

Nome: DEANE MONTEIRO VIEIRA COSTA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 28/06/2012
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
GILDA CARDOSO DE ARAÚJO Orientador
JUÇARA LUZIA LEITE Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CLÁUDIA MARIA MENDES GONTIJO Examinador Interno
CYNTHIA GREIVE VEIGA Examinador Externo
EDNA CASTRO DE OLIVEIRA Examinador Interno
GILDA CARDOSO DE ARAÚJO Orientador
LEÔNCIO JOSÉ GOMES SOARES Examinador Externo

Resumo: Analisa, numa perspectiva histórica, a primeirainiciativa governamental de educação de adolescentes e adultos nas áreas rurais e urbanas no Brasil e no Estado do Espírito Santo, promovida pelo Ministério da Educação e Saúde (MES), a partir de 1947. Intitulada de Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), tratou-se de um marco importante no processo de constituição do campo teóricoprático da área de educação de jovens e adultos. Com esse propósito, estudaos documentos oficiais e as diversas produções didáticas elaboradas pelo Setor de Orientação Pedagógica da CEAA do Ministério da Educação e Saúde, que difundiam um projeto civilizador por meiodo discurso aglutinador de saneamento, pátria e educação. Considerando essa intenção de pesquisa, recorre ao conceito de processo civilizador de Norbert Elias para compreender o vínculo entre educação, saúde e civilização. Em sua obra O processo civilizador, Norbert Elias analisa o processo por meio do qual a sociedade ocidental vivenciou uma importante mudança de hábitos e comportamentos, a partir das alterações nas relações de interdependência entre os indivíduos e/ou grupos sociaise, portanto, nas relações de poder.Para essa análise, utiliza os textospara leitura pós-escolardistribuídos em todo o País, peloServiço de Educação de Adultos, destinados aos alunos matriculados nas classes da CEAA, que já tinham alcançado o domínio da leitura. Nessa figuração social, portanto, a luta contra o analfabetismo gerou processos de estigmatização e desonra grupal dos outros os analfabetos. O lugar inferior foi declarado por meio da linguagem utilizada nos documentos oficiais da CEAA, que utilizou termos e apelidos pejorativos e depreciativos aplicados aos analfabetos, além do uso de indicadores da baixa expectativa em relação a eles, como se pode notar na escrita do livro Juca Fubá visita uma cidade. Além disso, também foi orientada pela CEAA em forma de conselhos a ampliação no universo da mulher brasileira, no exercício de novas funções, a partir da década de 1940, no livroMulheres exemplares. O livro indicou que os papéis propostos pela urbanização e industrialização não poderiam concorrer com o papel de exaltação da pátria o de esposa e mãe de família. O papel civilizador do trabalho feminino destacado por esse texto oficial nos levou a um entendimento sobre a construção da imagem de abnegada dada à professora de Cachoeiro de Itapemirim, Zilma Coelho Pinto, que liderou o combate ao analfabetismo em sua região, no Estado do Espírito Santo. O reconhecimento estadual, nacional e internacional da professora Zilma se deu com acriação de uma entidade sem fins lucrativos, que tinha como objetivo primordial o fim do analfabetismo em seu município, a Campanha de Alfabetização e Assistência social de Cachoeiro de Itapemirim (CAASCI), queteve a concepção de educação semelhante a da CEAA,apresentada como a possibilidade de redenção do homem brasileiro. Os adolescentes, jovens e adultos atendidos por essa entidade foram considerados seres em desenvolvimento que podiam ser moldados para atender às demandas sociais, ou seja, para ocupar os lugares que lhes foram destinados pelo desenvolvimento natural da sociedade.Das reflexões efetuadas nesse estudo, destacamos que a proposição da alfabetização da CEAA foi parte integrante do curso civilizatório brasileiro já em andamento, que apresentou, desde o século XIX, a escolarização como uma referência civilizatória, nos seus limites de interdependência e das correlações das práticas localistas em desenvolvimento.

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