O POTENCIAL ÉTICO-FORMATIVO DO FILME BLINDNESS: DIÁLOGOS SOBRE EDUCAÇÃO, LITERATURA E CINEMA, A PARTIR DE SARAMAGO E ADORNO

Nome: ADRIANA VIEIRA DE SOUZA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 27/10/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ROBSON LOUREIRO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
BELKIS SOUZA BANDEIRA Examinador Externo
CLEONARA MARIA SCHWARTZ Examinador Interno
NEIVA AFONSO OLIVEIRA Examinador Externo
ROBSON LOUREIRO Orientador
WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO Examinador Interno

Resumo: A pesquisa tem como eixo central a relação entre literatura, cinema e educação. Tratase de um estudo de cunho teórico-analítico que teve como objeto o filme Blindness
(2008), do cineasta Fernando Meirelles, inspirado na obra literária Ensaio sobre a
cegueira (1995), de José Saramago. O problema relaciona-se à presença de um
conteúdo ético-formativo capaz de driblar a dimensão semiformativa da cultura
industrializada e, ao contrário da maioria das produções do cinema do mainstream
(em especial aquelas realizadas nos estúdios hollywoodianos), possibilitar ao
espectador uma experiência formativa significativa (objetiva e subjetiva) aversa à
indústria cultural hegemônica. Como hipótese central, ainda que Adorno alerte que
nada escapa ao sistema da indústria cultural, cogita-se a ideia de que há nesse
sistema de conglomeradores empresariais, produtos e obras que destoam do modelo
do mainstream e que Blindness faz parte deste seleto grupo. O objetivo geral foi
discutir, por meio das categorias “ética” e “formação”, a noção de cinema como
mediador do trabalho educativo com potencial crítico capaz de esquivar-se da cultura
industrializada. Ancorou-se nos pressupostos da teoria crítica da sociedade, nas
formulações de Theodor Adorno e Max Horkheimer, e nos conceitos de emancipação
e esclarecimento de Immanuel Kant. Como resultado, notou-se que Ensaio sobre a
cegueira, obra inspiradora de Blindness, possui potencial crítico, em particular pelo
engajamento de José Saramago, que ajustou sua militância política, vinculada a uma
perspectiva progressista, a peculiaridades literárias e estéticas, que conferem à obra
um valor inquestionável. Ao expor uma contradição, uma inquietação, um confronto
em sua participação no esquema da indústria cultural, o filme é capaz de incomodar,
a ponto de levar o espectador a refletir sobre a sua própria existência, sobre o não
idêntico (o outro) que o constitui enquanto ser, sobre o tempo e os espaços habitados
e não habitados, como meio de encarar a realidade, sem, contudo, se sujeitar a ela.
O potencial ético-formativo e, portanto, educacional de Blindness o caracteriza como
manifestação artística, uma expressão da cultura capaz de promover a produção de
sentidos do não-dito, do crítico e do ético, que se caracterizam em um processo de
formação cultural, social e humana, e reflexões e ressignificações de concepções
educacionais vigentes para o despertar de uma educação crítica e emancipatória.

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