A ESCOLARIZAÇÃO DO ALUNO COM AUTISMO NO ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Nome: FERNANDA DE ARAUJO BINATTI CHIOTE
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 19/12/2017
Banca:
Nome | Papel |
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IVONE MARTINS DE OLIVEIRA | Orientador |
Resumo: Esta tese tem como objetivo analisar como a escolarização do aluno com autismo no ensino médio tem se realizado diante da implementação das políticas de educação especial. O estudo foi realizado na rede estadual do Espírito Santo e, como procedimento de coleta do material empírico utilizou: análise documental; entrevistas semiestruturadas com professores de classe comum e educação especial, pedagogos e gestores da educação especial; e observação do cotidiano de três escolas. Utiliza como referencial teórico-metodológico o materialismo histórico-dialético a fim de compreender o movimento e as transformações do objeto de estudo no processo histórico de organização social em que se realiza, no modo de produção capitalista e suas contradições. A abordagem histórico-cultural e a pedagogia histórico-crítica contribuem na compreensão social e histórica do desenvolvimento humano e do papel revolucionário da educação escolar nesse desenvolvimento, de modo a superar a concepção biologizante do desenvolvimento em relação às pessoas com autismo. O estudo entende a escolarização como fundamental no processo de formação humana, que tem por finalidade a humanização ao máximo possível por meio da transmissão dos elementos culturais essenciais que promovam a elevação dos níveis de consciência do sujeito para participação e intervenção no meio natural e social. No processo de análise, situa as políticas educacionais no âmbito da sociedade capitalista e toma a concepção de Estado ampliado na apreensão dessas políticas como meio de estabelecer consensos para a manutenção da hegemonia burguesa. Nesse contexto, considera que, na sociedade contemporânea, os modos de participação e a (re)produção social se realizam nos limites impostos pela lógica do capital, o que afeta profundamente a vida e a escolarização de jovens com autismo. A pesquisa reitera que as políticas educacionais, em nível nacional e estadual, são sedutoras em seus discursos, no entanto intensificam os processos de alienação na sociedade capitalista, tanto em relação à formação dos estudantes voltada para o mercado, consumo e empregabilidade , quanto ao trabalho docente, que destitui a prática educativa de sua dimensão política e pedagógica, com inúmeras atribuições que secundarizam o ensino dos conteúdos escolares. A educação especial, como modalidade transversal ao ensino regular, tem se configurado com centralidade no
atendimento educacional especializado, tanto nos documentos orientadores quanto no contexto das escolas pesquisadas, fragmentando a proposta educativa para estudantes com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento no ensino comum; centralizando a responsabilidade do ensino desses sujeitos nas professoras especializadas, diluindo as possibilidades de configuração de um ensino fecundo para esses sujeitos. As proposições das políticas educacionais para o ensino médio e a educação especial desarticulam os problemas da desigualdade escolar da totalidade da sociedade capitalista que os produz. A escolarização dos estudantes com autismo no ensino médio não promove a superação das limitações sociais e culturais colocadas por sua condição de ter autismo, diante dos objetivos da formação no ensino médio protagonismo, aprendizado ao longo da vida, aluno como centro do processo, emprego etc. há um descrédito em suas possibilidades de desenvolvimento escolar e participação na vida social produtiva.