Processos formativos de trabalhadores(as) da saúde que atravessam a Clínica Transexualizadora.

Nome: PABLO CARDOZO ROCON
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 10/06/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXSANDRO RODRIGUES Examinador Interno
GEIDE ROSA COELHO Examinador Interno
HELIANA DE BARROS CONDE RODRIGUES Examinador Externo
JAIR RONCHI FILHO Examinador Interno
MARCO JOSÉ DE OLIVEIRA DUARTE Examinador Externo

Páginas

Resumo: Esta tese problematiza a hipótese de uma insuficiência formativa por parte dos(as)
trabalhadores(as) da saúde como causa da realidade de desrespeito ao nome social, transfobia,
excessiva medicalização e patologização das identidades de gênero trans (transexual e travesti).
A partir de uma leitura genealógica sobre o processo transexualizador brasileiro, a pesquisa de
campo que compõe as análises aqui realizadas, se constituiu em acompanhar os processos
formativos dos(as) trabalhados(as) do Ambulatório de Diversidade de Gênero do Hospital
Universitário Cassiano Antônio de Moraes, com auxílio de entrevistas-conversantes gravadas
em áudio digital e um diário de campo. Foram cartografadas três linhas: linhas de formação
normalizadora (molar); linhas da pastoral da conscientização política (molecular); e linhas de
aprendizagens com os signos trans e transetopoiese disruptiva (fuga). Para analisar cada uma
das linhas, optou-se por pensar formação a partir dos modos de subjetivação contemporâneos,
buscando apoio nas leituras de Michel Foucault sobre a cultura de si antiga, a epiméleia heautoû
e a constituição do sujeito na modernidade. Analisa-se que a hipótese de uma insuficiência
formativa é alimentada por modos que pensam a formação não como processo, mas como
transmissão de informações e verdades a serem aplicadas nas práticas com a saúde trans.
Desconsiderando, assim, que práticas discriminatórias e patologizadoras das identidades trans
são efeitos dos modos de existência que os(as) trabalhadores(as) produzem a partir de técnicas
de si na relação com o gênero binário e a heteronormatividade, constituindo-se sujeitos e
apresentando tais normas como matéria de suas subjetividades. Tal hipótese ressoa pelas linhas
de formação normalizadora com suas incessantes tentativas de patologização das vidas trans, e
pela pastoral da conscientização política, que apesar de questionar os pressupostos
normalizadores, agencia-se a eles propondo processos formativos impregnados por uma ética
heterossexual, sendo, portanto, reterritorializada. Por fim, a partir das discussões de Gilles
Deleuze em Proust e os signos, perspectiva-se que os signos trans, catalizadores da experiência
de uma arte do fazer-se trans, adentram a clínica transexualizadora abalando a formação
normalizadora. Tais signos carregam sentidos outros de saúde e doença, apresentando-os numa
relação direta com uma vida bonita, com signos de beleza. Tal entrada, ao provocar um malestar nos(as) trabalhadores(as) pelo encontro com tais signos, os violentam a pensar e
problematizar as relações que possuem com o próprio corpo, os gêneros e a sexualidade.
Forçam também um reposicionamento pela produção de um saber etopoiético, aqui nomeado
por aprendizagem com os signos trans, a partir de uma força que os levam a um olhar para si,
para os pensamentos e os modos como conduzem suas vidas e práticas no trabalho. Sair de tal
mal-estar supõe experimentar-se com tais signos, uma experimentação transetopoiética com a
produção de um corpo com novos contornos, capaz de suportar a diferença que pede passagem,
abrindo caminho para a produção de uma subjetividade que afirme a diferença e um trânsito
permanente em si mesmo

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