O LUGAR DO ENSINO DAS CIÊNCIAS HUMANAS NO CURSO TÉCNICO EM METALURGIA DO IFMG CAMPUS OURO PRETO (1944 A 2021)
Nome: JULIO CESAR DE SOUZA
Data de publicação: 20/12/2023
Banca:
Nome | Papel |
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ANTÔNIO HENRIQUE PINTO | Examinador Externo |
DALTON JOSÉ ALVES | Examinador Externo |
GERDA MARGIT SCHUTZ FOERSTE | Examinador Interno |
ITAMAR MENDES DA SILVA | Examinador Externo |
MARCELO LIMA | Presidente |
Resumo: A presente tese tem como tema central o lugar do ensino das Ciências Humanas
no curso técnico em Metalurgia do Instituto Federal de Minas Gerais - IFMG
campus Ouro Preto no período de 1944 a 2021. Metodologicamente, optamos
pela pesquisa bibliográfica e pela investigação documental dos registros e
históricos do curso técnico em Metalurgia do IFMG campus Ouro Preto. Para
compreender essa lógica, reconstituímos com base na análise documental os
elementos empíricos que descrevem os currículos produzidos pelas reformas
educacionais, destacando o lugar, o papel e a função social do ensino das
Ciências Humanas e suas consequências para a formação humana integral dos
estudantes. Constatamos com base nas matrizes curriculares, que do ponto de
vista da trajetória do espaço ocupado no tempo no currículo pelo ensino das
Ciências Humanas é de 120 horas em 1967, correspondendo a 4,08% da carga
horária total do curso e 9,30% da formação geral; 180 horas em 1975, o que
corresponde a 5,84% da carga horária do curso e 11,39% da formação geral; 0
horas em 2003, sendo 0% da carga horária do curso e 0% da formação geral;
434 horas em 2004, correspondente à 12,03% da carga horária do curso e
19,13% da formação geral; e 601 horas em 2009, que corresponde a 15,79% da
carga horária total do curso e 23,37% da formação geral. Assim, percebemos
que o ensino das Ciências Humanas dentro do desenho curricular do curso de
Metalurgia foi restrito e fruto de muitas disputas pela relevância formativa e
justificações explícitas nas legislações de cada fase. Esse lugar do ensino de um
conjunto de conteúdos constituídas em geral por matérias como história,
geografia, filosofia e sociologia, etc, resultou de uma disputa, tanto externa no
ensino da educação geral (propedêutica) com o ensino técnico, quanto interna,
na disputa entre a afirmação da relevância formativa das matérias do ensino das
ciências naturais, do ensino das ciências exatas (matemáticas) e do ensino das
linguagens e do ensino do civismo (OSPB e Moral e cívica). Aos poucos o espaço
na carga horária do ensino de ciências foi se refazendo (de modo não linear),
tendo sido questionado seu valor assim como o próprio ensino da educação geral
em três momentos históricos de retrocesso (na ditadura militar, no governo FHC
e com a atual reforma do ensino médio), mas foi se restabelecendo nos
momentos de maior democracia e de governos populares com consequências
tanto no acesso ao ensino superior quanto para formação dos profissionais
técnicos no declínio da ditadura e abertura política e nos governos Lula-Dilma.
Em síntese, a pesquisa revelou que as idas e vindas das reformas educacionais
evidenciadas nos projetos políticos e nas mudanças legais, estabelecem
mediações e contradições que tendem a reformatar, ao longo do tempo, a
organização curricular na rede federal, sobretudo no conjunto dos Institutos
Federais (IFs) servindo a determinado projeto educativo de formação humana.
O ensino das Ciências Humanas exerce função social mediadora fundamental
para formação humana integral, pois permite uma leitura crítica do mundo dos
egressos do curso técnico integrado em Metalurgia do IFMG campus Ouro Preto.
Ou seja, o ensino das ciências humanas é e deve ser uma parte obrigatória de
um currículo que se proponha politécnico, cuja escola única seja para todas as
classes e cujo objetivo é uma formação omnilateral.