GRITARAM-ME PRETINHA! ESCREVIVÊNCIAS DAS BRINCADEIRAS AFRICANAS EM CONEXÃO COM A AUTODECLARAÇÃO RACIAL NA ESCOLA: VIDAS DAS CRIANÇAS NEGRAS IMPORTAM!
Nome: HELOISA IVONE DA SILVA
Data de publicação: 14/07/2025
Banca:
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Papel |
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CRISTINA TEODORO | Examinador Externo |
JACYARA SILVA DE PAIVA | Examinador Interno |
MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS | Presidente |
SÔNIA ANDRÉ | Examinador Externo |
WAGNER DOS SANTOS | Examinador Interno |
Resumo: Esta pesquisa de doutorado não surgiu de uma derivação de categorias teóricas ou hierarquizadas, nasce de histórias, memórias, experiências e rememoração do passado coletivo de uma mulher-professora-preta, do desenrolar de perspectivas escreviventes.
Objetiva investigar como o processo de autodeclaração racial repercute nas vidas das crianças, nos diferentes contextos da Instituição de Ensino Fundamental, na modalidade de Educação em Tempo Integral, considerando as questões étnico-raciais, a pobreza e as desigualdades sociais, ou seja, as experiências e a (re)existências de serem autodeclaradas suas raças/cores. A caminhada metodológica é uma aposta nas escrevivências dialogando com Evaristo, em contexto com a afroperspectividade. O estilo investigativo, auto-reflexivo e reflexivo se apoia em referenciais teóricos provenientes de diferentes campos do conhecimento, como a filosofia, a sociologia, a história, a psicologia e as artes, utilizados como subsídio teórico para (re)posicionar em múltiplas interlocuções com a educação. Em um movimento de (re)visitação de histórias, memórias, escolarização e vidas de crianças negras no Brasil e outros países, conversamos com fotografias, imagens, memórias e fragmentos, articulando interlocuções com moradoras da comunidade e famílias que estão implicadas no processo de autodeclaração das crianças dos anos iniciais. Ainda são poucos os estudos teórico-epistemológicos que abordam os processos de declaração ou classificação étnico-racial de crianças, mas é importante compreender os discursos racializados e quais possíveis caminhos percorrer na superação do racismo e da discriminação presentes no cotidiano escolar. Há urgência de avanço dessa temática no campo das pesquisas para o contínuo fortalecimento de produções acadêmicas antirracistas. Quanto a pesquisa de campo, realizada nos anos 2023 e 2024, as conexões com as brincadeiras, jogos, desenhos, brinquedos de origem africana evidenciaram a declaração e a autodeclaração racial, como caminho permeado de ritos de passagens, territórios de
sensibilidades, ancestralidades, configurado por marcas, afetos e vestígios decorrentes das experiências vividas na escola e na família, ou seja, a crianças ao declarar-se negra ou branca, aprende não apenas a dar lugar àquilo que chega, mas, também, a ser porto e espaço de acontecimentos e movimentos das infâncias, como abertura necessária para o conhecimento de si, da outra e sua autoestima, em um movimento dialógico de múltiplas relações étnico-raciais, sobretudo de participação política para decidir como se autodeclara.