EDUCAÇÃO E CINEMA: crítica à domesticação da memória em filmes de animação dos estúdios Disney
Nome: SAMIRA DA COSTA STEN
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 05/08/2020
Orientador:
Nome | Papel |
---|---|
ROBSON LOUREIRO | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
BELKIS SOUZA BANDEIRA | Examinador Externo |
LUCIANA AZEVEDO RODRIGUES | Examinador Externo |
MARIA AMÉLIA DALVI SALGUEIRO | Examinador Interno |
PRISCILA MONTEIRO CHAVES | Examinador Interno |
ROBSON LOUREIRO | Orientador |
Resumo: O escopo desta tese é pôr em evidência os pilares da indústria cultural que
sustentam a produção da narrativa e o tipo de memória veiculada pelos filmes de
animação dos estúdios Disney. Fundamentada na teoria crítica da sociedade, em
especial no conceito de indústria cultural, cunhado por Theodor Adorno e Max
Horkheimer (2006) em diálogo com o conceito benjaminiano de memória. Amparada
na hermenêutica das narrativas fílmicas e aliada à filosofia dialética de Walter
Benjamin, a pesquisa analisa as três animações de maior bilheteria da Disney
Company: Rei leão (1994), Frozen: uma aventura congelante (2013) e Zootopia:
essa cidade é o bicho (2016). Para tanto, desenvolvem-se três hipóteses
explicativas. A primeira considera que a Disney Company é uma voz dominante,
cujo discurso, supostamente universal, tende a produzir no espectador uma memória
acrítica e alienada da realidade social. A segunda hipótese destaca os aspectos
ideológicos (naturalizantes) dos filmes de animação dos estúdios Disney. Atrelados
à ideologia burguesa, eles veiculam uma concepção de memória totalizante que
rejeita particulares, constrói o universal a partir do fetiche da felicidade (comprada)
artificialmente produzida e sustentada na aparência de fenômenos sociais. A última
hipótese afirma que o conglomerado empresarial Disney contribui para a reprodução
da dissolução da memória da cultura local. Nessa perspectiva, sustenta-se a tese de
que a felicidade, vendida pela Disney, venda os sentidos dos espectadores, pois
dificulta o público perceber que sua política cultural prescreve o que deve ser
lembrado e esquecido. Com isso, mediada por seus filmes de animação, ela
perpetua a naturalização das assimetrias sociais e históricas empiricamente visíveis
na desigualdade social. Uma vez consumida e assimilada, por meio da narrativa
estética das animações, tem-se reproduzida uma memória acrítica. Assim, sob a
máscara de felicidade, esses filmes sugerem como devem ser os contornos da vida
em sociedade. Eles implementam uma domesticação da memória, que tende a
inibir e reprimir o processo capaz de romper com o continuum da história e com o
progresso do capitalismo, que não cessam de acumular destruição. Por fim,
embora a Disney se apresente como um conglomerado empresarial do mercado de
entretenimento mundializado, isso não a exime de responsabilidades sociais,
tampouco diminui as chances de se inquirir acerca de sua filmografia, haja vista sua
presença em espaços formais e não formais de educação.