DANDARA: UMA MULHER NEGRA COM SÍNDROME DE DOWN EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA

Nome: CLEBERSON DE DEUS SILVA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 21/12/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
EDSON PANTALEÃO ALVES Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDSON PANTALEÃO ALVES Orientador
EDUARDO AUGUSTO MOSCON OLIVEIRA Examinador Externo
HIRAN PINEL Examinador Interno
ROGÉRIO DRAGO Examinador Interno
SÉRGIO PEREIRA DOS SANTOS Examinador Externo

Resumo: Tendo como referência os aportes teórico-conceituais de orientação eliasiana e
moscoviciana, este estudo teve por objetivo geral desvelar parte da história de vida
de uma mulher negra com síndrome de Down, de uma comunidade quilombola. O
delineamento da pesquisa orientou-se pelo interesse de (i) conhecer a função dos
contextos formativos, como família-comunidade na trajetória de vida de Dandara, e
(ii) investigar as possíveis tensões entre as categorias quilombola e deficiência com
base nas narrativas. Foram entrevistados os familiares de Dandara por meio de
entrevista com roteiro semiestruturado, bem como a própria protagonista da
pesquisa por intermédio dos recursos da entrevista, desenho e fotografias. Em
consonância com os objetivos propostos, a pesquisa foi desenvolvida com apoio nas
estratégias metodológicas que incluíram entrevistas e observação participante. O
material proveniente desses procedimentos de produção de dados foi sistematizado
por meio da análise de conteúdo temática e da classificação hierárquica descendente
(CHD), via software Iramuteq. Os resultados referentes à análise das narrativas dos
familiares, por meio da CHD, indicaram a composição de seis classes temáticas
relativas aos desafios da família e à sua trajetória, à comunidade, aos processos
formativos vivenciados por Dandara, bem como à sua rotina/cotidiano e aos impactos
da pandemia para sua vida. A análise de conteúdo também indicou dois eixos
importantes nas experiências narradas pelos familiares, concernentes às dimensões
raça/quilombola e deficiência: (1) “marcadores étnico-raciais relativos à identidade
quilombola”, compostos pelas categorias “práticas socioculturais” (ateliê quilombola,
congo e missa afro) e “identidade quilombola” (como descendência de escravizados,
herança familiar, out-atribuição, orgulho quilombola e raça/cor); e (2) “imagens
associadas à deficiência”, a partir da ideia de anormalidade, capacidades,
dependência, doença, infantilização, limitação e obra divina. A análise dos dados
relativos à entrevista com Dandara (conteúdo textual e imagens) indicou que os
contextos formativos família, comunidade e APAE se apresentaram como muito
significativos, configurando-se como espaços de proteção e de segurança
socioafetiva. Discutiram-se os processos de ancoragem e objetivação na perspectiva
moscoviciana, bem como os de figuração, função objetivadora e fantasia coletiva,
conforme a proposta eliasiana. Espera-se que este estudo contribua para ampliar o
debate sobre as políticas de educação inclusiva.

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