CINEMA DE ANIMAÇÃO E TRABALHO DOCENTE

Nome: THALYTA BOTELHO MONTEIRO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 20/07/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
GERDA MARGIT SCHUTZ FOERSTE Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANA MABEL FRESQUET Examinador Externo
ERINEU FOERSTE Examinador Interno
GERDA MARGIT SCHUTZ FOERSTE Orientador
MARIA CRISTINA DA ROSA FONSECA DA SILVA Examinador Externo
MOEMA LÚCIA MARTINS REBOUÇAS Examinador Interno

Resumo: Esta pesquisa discute a cinema de animação e trabalho docente e seu uso em sala
de aula. Busca compreender os processos dialéticos do trabalho docente com a
animação no que concerne às dimensões pedagógica, técnica e criativa e suas
contribuições para promover a autonomia do aluno e do próprio professor. A produção
de dados ocorreu com a colaboração de três docentes, sendo duas vinculadas à rede
de ensino de Vitória (ES) e uma à rede de ensino de Domingos Martins (ES). A seleção
dessas colaboradoras foi feita com o mapeamento prévio de docentes do Espírito
Santo que trabalhariam com animação em 2018, realizado por meio de um
questionário. Para responder ao objetivo da pesquisa, foi realizada observação do
trabalho dessas docentes e professoras que atuaram como suas parceiras no
desenvolvimento de projetos de animação com os alunos, os quais tiveram duração
distinta. Posteriormente, entrevistas foram realizadas individualmente e também no
coletivo, com a finalidade de fazer a devolutiva acerca dos aspectos que se
sobressaíram durante a observação. As análises baseiam-se nas concepções de
trabalho e autonomia, com discussões fundamentadas em Marx (2009, 2010) e Freire
(2017a, 2018). O debate sobre os processos de criação e arte é realizado na
interlocução com Vigotski (1999, 2009a, 2009b) e Ostrower (1987), com especial
atenção aos conceitos de técnica e criação. Nessa perspectiva, o trabalho é abordado
como produção criativa capaz de transformar o sujeito e seu entorno. A pesquisa
permite afirmar que o processo de criação de animações em sala de aula aproxima
professores de alunos, alunos da escola, escola da comunidade, assim como adultos
e crianças, ampliando o repertório visual e de conhecimento sobre a animação, pois
modifica os espaços. Ao mesmo tempo, o trabalho com animação também denuncia
os problemas estruturais da escola, como as inúmeras atribuições sob a
responsabilidade dos docentes, a escassez de materiais e, sobretudo, o quanto a
educação bancária a que se referiu Paulo Freire está arraigada em toda a comunidade
escolar. Isso faz com que o trabalho docente com animação seja alvo de
desconfianças e cobranças, reduzindo a linguagem a mero entretenimento para que
o tempo da aula seja ocupado, ignorando, portanto, que a animação é mediadora no
processo de produzir conhecimento. Nesse contexto, os docentes assumiram as
limitações em meio às quais seu trabalho se dava, conduzindo-o de modo a
proporcionar maior autonomia aos alunos e a si mesmos, viabilizando a
produção/reflexão sobre a técnica e criação, rompendo com abordagens tradicionais
de ensino, experimentando novos e processos de ensino-aprendizagem. Isso
culminou em criações animadas que surpreenderam aos professores e equipe
pedagógica, promovendo orgulho nos estudantes nas exibições e, ainda que de forma
tímida, a aproximação da família e de outros colegas docentes para o trabalho com a
animação. Nesse sentido, confirmamos a tese de que o trabalho com animação na
sala de aula é criador, permite o trabalho colaborativo, rompe com as abordagens
tradicionais de ensino e viabiliza tanto a técnica quanto a criação. Entender a
animação como trabalho criador possibilita, para docentes e discentes, abertura à
tomada de decisão por uma educação autônoma. Assim, a entrada da animação na
escola, nas salas de aula, reposiciona os papéis de professores e alunos e as relações
– entre eles mesmos; entre eles e os profissionais da escola; entre eles e a família. O aluno deixa de ser espectador para ser criador da animação. É uma outra tomada de
posição, uma aprendizagem que emerge dos processos técnicos e criativos,
possibilitando autoria e autonomia.

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