PRÁXIS DOCENTE POMERANA: CULTURA, LÍNGUA E ETNICIDADE

Nome: JANDIRA MARQUARDT DETTMANN
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 11/05/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ERINEU FOERSTE Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CLAUDETE BEISE ULRICH Examinador Externo
ERINEU FOERSTE Orientador
GERDA MARGIT SCHUTZ FOERSTE Examinador Interno
MÔNICA MARIA GUIMARÃES SAVEDRA Examinador Externo
ROSALI RAUTA SILLER Examinador Interno

Resumo: Este estudo analisa como a práxis de professores de Língua Pomerana contribui para
promover a cultura do Povo Tradicional Pomerano em contexto bilíngue. Desenvolvido
em Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, Brasil, problematiza questões sobre
docência, culturas, identidades, etnicidade e bilinguismo. Trata-se de uma pesquisa
qualitativa, conforme discutem Fichtner et al. (2020), beneficiando-se da análise de
documentos, observações nas aulas, entrevistas semiestruturadas e anotações em
diário de campo. Apresenta uma breve contextualização sobre o Povo Tradicional
Pomerano, o que inclui sua história, língua materna e aspectos educacionais.
Também destaca as principais produções acadêmicas referentes à sua educação e
cultura. Discussões teórico-metodológicas contribuíram para a compreensão de
alguns conceitos-chave, tais como: práxis (VÁZQUEZ, 2011; FREIRE, 1987, 1996),
cultura(s) (FORQUIN, 1993; GEERTZ, 2012), identidades (CANEN, 2002; HALL,
2006), etnicidade (BRUBAKER; COOPER, 2000), bilinguismo (SAVEDRA, 2009,
2015) e parceria (FOERSTE, 2005). Os dados apontam que a percepção de que a
Língua Pomerana se encontra em situação de fragilidade leva os docentes a constituir
sua práxis como uma militância e persistência para realizar um trabalho que considere
os principais aspectos culturais e identitários das comunidades pomeranas. Ao
atuarem nessa perspectiva, os docentes demonstram a postura de intelectuais
orgânicos, tal como descrito em Gramsci (1981, 1995). Fica confirmado, portanto, que,
influenciados pelos aspectos culturais e identitários, os docentes de Língua
Pomerana, por meio de sua práxis, contribuem na promoção da cultura do Povo
Tradicional Pomerano. Entretanto, além de serem ministradas em um tempo semanal
mínimo, a ênfase das aulas de Língua Pomerana ofertadas no âmbito do Programa
de Educação Escolar Pomerana (Proepo) recai sobre a escrita, leitura e gramática, o
que acaba por comprometer a prática da oralidade. Reconhecemos que não é
possível conter os impactos da etnicidade, por ser este um processo esperado, que
afeta todo e qualquer grupo social, inclusive o Povo Tradicional Pomerano. Por isso,
sua cultura está em constante transformação, inclusive quanto ao uso da língua, que
figura como um de seus aspectos identitários mais marcantes, mas se encontra
fragilizada. Por outro lado, a dinâmica do Proepo não deve, pela pouca oportunidade
de prática da oralidade, contribuir para gerar efeitos contrários ao fortalecimento da
cultura e da Língua Pomeranas. Está claro, pois, que é necessário reavaliar o
programa, para rever seus objetivos e ações. Sobretudo, é importante intensificar a
prática da oralidade nas aulas de Língua Pomerana, pela já demonstrada capacidade
do Povo Tradicional Pomerano de fazê-la chegar à quinta geração de falantes no
Brasil, ainda que sem a organização de um sistema de escrita. É pela oralidade que
ocorre o encontro da memória e das tradições do Povo Tradicional Pomerano, que
revive e reconstrói sua memória social, acessando sua cultura para transmiti-la às
gerações futuras. Adicionalmente, é necessário haver políticas linguísticas que
promovam uma educação plurilíngue, para despertar o interesse e maior
comprometimento das famílias pomeranas e da sociedade em geral quanto à
valorização e transmissão da cultura do Povo Tradicional Pomerano, em especial, da
Língua Pomerana.

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