O PERCURSO DE ESCOLARIZAÇÃO DE PESCADORAS E PESCADORES ARTESANAIS NA EJA DO PONTAL – MARATAÍZES/ES – 2014 – 2019

Nome: CARLOS FAGNER PEREIRA PIRES

Data de publicação: 31/03/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALDO REZENDE Examinador Externo
EDNA CASTRO DE OLIVEIRA Presidente
SILVANA VENTORIM Examinador Interno

Resumo: Este estudo tem como tema “A escolarização de pescadoras e pescadores artesanais
na Educação de Jovens e Adultos (EJA), tendo em vista a baixa escolaridade desse
grupo”. Teve como objetivo analisar o percurso de escolarização de estudantes
trabalhadores/as, em especial, do segmento da pesca artesanal que busca o
atendimento na (EJA) do Pontal, Marataízes/ES, no período 2014 – 2019. Partiu-se
da hipótese de que o processo de escolarização das/os pescadoras/es artesanais tem
sido comprometido pela desvalorização de seus conhecimentos e experiências pela
escola e pela dissociação dos conteúdos curriculares da produção da vida desses
sujeitos no trabalho com a pesca, bem como pela interlocução dos mesmos com o
Seguro Desemprego Pescador Artesanal (SDPA). Como opção teórica, explora a
relação entre as categorias trabalho, natureza e educação, subsidiada pelo
pensamento de Marx, Marx e Engels, Antunes, Freire, Saviani e Nosella, destacando
essas categorias como fundantes na constituição do ser humano, na sua interação
com a natureza, evidenciando o trabalho como princípio educativo em suas
dimensões histórica e ontológica. De natureza qualitativa, mediada pela pesquisa
participante e pela pesquisa documental, esta investigação operou no trabalho de
campo com o levantamento de fontes primárias e secundárias e com os seguintes
instrumentos e técnicas de coleta e produção de dados: questionários, observação
participante, diário de bordo e rodas de conversa. Constituíram-se como sujeitos da
pesquisa 15 profissionais da educação que atuam na EJA, 11 estudantes pescadoras
e pescadores artesanais e 22 pescadoras/es artesanais que moram na comunidade
pesqueira do Pontal. Os resultados colocam em questão a hipótese inicial, uma vez
que evidenciam que o trabalho com as atividades da pesca, que leva à interrupção do
percurso, pelos sujeitos, tem sido o principal obstáculo à escolarização das
pescadoras/es artesanais. Revelam também que o fechamento de turmas e turno da
EJA no município constitui obstáculo no percurso escolar desses estudantes,
caracterizando assim a negação do direito à educação por parte do poder público.
São ainda indicados como obstáculos à escolarização a questão da gravidez precoce
e do casamento, sendo que a escola desconsidera as experiências, conhecimentos e
saberes desses sujeitos em suas práticas curriculares. Em relação ao SDPA, os
resultados indicam que embora o programa envolva estudantes e membros da
comunidade como beneficiários, esse não se mostra como obstáculo à escolarização
das pescadoras/pescadores artesanais.

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