ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA HUMANIZADORA COMO ANTEPROJETO DE CONSCIENTIZAÇÃO: UM ESTUDO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORAS E PROFESSORES DE CIÊNCIAS
Nome: LEANDRO DA SILVA BARCELLOS
Data de publicação: 30/09/2024
Banca:
Nome | Papel |
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ANA PAULA SOLINO BASTOS | Examinador Externo |
ANGÉLICA LOVATTO | Examinador Externo |
EDNA CASTRO DE OLIVEIRA | Examinador Interno |
SILVANA VENTORIM | Examinador Interno |
Resumo: Esta tese se desenvolve a partir da seguinte pergunta: como a Educação em Ciências pode
contribuir com a conscientização, visando a humanização e a superação do
subdesenvolvimento? Assumimos Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire como lentes teóricas para
discutir conceituações de alfabetização científica (AC), o cenário de formação docente voltado
para ela e alguns desafios para uma educação científica que considere a realidade nacional.
Defendemos a tese de que a formação de professores/as de Ciências deve ser um processo de
conscientização sobre a profissão docente e a educação científica comprometida com a
humanização e a superação do subdesenvolvimento. Formulamos o conceito de alfabetização
científica humanizadora (ACH) como objetivo educacional e suleadora da formação e do
trabalho docente, destacando o ensino por investigação (ENCI) como base de uma práxis
investigativa. Assumimos a ACH como anteprojeto de formação para construir e implementar
um processo formativo com o objetivo de compreender o desenvolvimento da conscientização
(da apreensão à fase crítica) dos/as participantes. Realizamos uma pesquisa-formação no
segundo semestre de 2022, recorrendo aos pressupostos da narrativa para contemplar as vias
externa e interna de formação. O contexto foi a disciplina de Estágio Supervisionado em Ensino
I, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, numa turma de 11 estudantes. Os dados
foram produzidos: nas interações verbais durante os encontros da disciplina e gravadas em
áudio; nos relatos escritos produzidos pelos/as licenciandos/as nos relatórios finais individuais
de estágio, os quais continham os planos de aula e memorial; observações em diário de campo
dos formadores; conversas no grupo da turma em um aplicativo de mensagens instantâneas; e
documentos elaborados no planejamento da disciplina. Utilizamos a compreensão cênica para
interpretar qualitativamente as narrativas, com foco nos/as discentes. As cenas nos contaram o
processo de elaboração da disciplina, considerando a totalidade de fatores condicionantes do
contexto, como a volta ao ensino presencial, o calendário apertado, as lacunas do ensino remoto,
o período eleitoral e a copa do mundo de futebol. Enfrentamos o contraditório cenário de ser e
não ser o melhor momento para desenvolver a ACH na formação inicial. Na história da
disciplina, observamos o caráter político das discussões, o aguçamento da sensibilidade social
para os problemas sócio-históricos da realidade nacional, a leitura crítica da realidade escolar e
a coletividade no enfrentamento aos desafios de se apropriar e elaborar atividades
investigativas. A mediação pedagógica do formador e da formadora, atenta aos desafios do
contexto, favoreceu o estabelecimento de um lócus para uma práxis investigativa. A análise dos
relatórios de estágio evidenciou a idiossincrasia da conscientização, em que cada participante
relacionou os pressupostos da ACH e do ENCI a sua respectiva base sócio-histórica.
Entendemos que a ACH é um anteprojeto viável para a formação docente e desejamos que mais
formadores/as a desenvolvam nas diferentes etapas e fases da docência.