A EDUCAÇÃO FÍSICA E O NOVO ENSINO MÉDIO: REEXISTÊNCIA EM MEIO ÀS
TENTATIVAS DE ROSTIDADE IMPOSTA
Nome: RAYVO VIANA DO NASCIMENTO
Data de publicação: 30/06/2025
Banca:
Nome![]() |
Papel |
---|---|
MARIA DA CONCEIÇÃO SILVA SOARES | Examinador Externo |
SANDRA KRETLI DA SILVA | Examinador Interno |
TANIA MARA ZANOTTI GUERRA FRIZZERA DELBONI | Presidente |
Resumo: Esta dissertação não começa nem termina: ela se deixa atravessar, como corpo que se move entre linhas e forças, abrindo veredas no chão endurecido do Novo Ensino Médio. Não há aqui um sujeito fixo que observa de fora, mas um corpo-escola que vive e transpira o movimento — o devir-professor. A presente dissertação compõe uma travessia pelos territórios em disputa do Novo Ensino Médio (NEM), tomando a Educação Física como linha de força que se dobra, resiste e se reinventa frente aos fluxos de uma política que captura corpos e apaga diferenças. Por entre as dobras de uma trajetória encarnada — a de um professor que viveu, no corpo e na memória, os deslocamentos da escola — a pesquisa se deixa contaminar por vozes, gestos e silêncios que habitam a prática docente. A análise das reformas educacionais do NEM revela não apenas a exclusão de componentes como a Educação Física, mas um processo mais profundo de empobrecimento do currículo enquanto potência de criação. O que se pretende aqui não é apenas compreender, mas sentir e fazer vibrar as forças que atravessam a escola: a rostidade que fixa identidades, a territorialização que impõe funções para as quais os professores não foram preparados, a redução da carga horária que despotencializa aquilo que move, que toca, que cria vínculo. A Educação Física, quando marginalizada, não desaparece — ela escapa, cria linhas de fuga, se torna menor para escapar à forma. Por isso, a pesquisa se aproxima da análise do currículo e das narrativas que professores/as que insistem em ensinar com o corpo inteiro, mesmo quando o tempo, o espaço e o sistema tentam dividir, controlar, espacializar. Por meio de uma metodologia qualitativa e afetiva, por meio da análise das relações de força e poder presentes nos documentos oficiais, procurando os devires que a BNCC tenta impedir, os devires que se recusam a ser traduzidos. Em vez de diagnósticos conclusivos, o texto aposta na composição de um pensamento em movimento, que vibra com os corpos, que deseja com a escola, que dança com o currículo. Conclui-se que a Educação Física, ao ser empurrada para a borda, revela sua potência: ali onde se queria silêncio, ela pode ser grito; ali onde se queria norma, ela pode ser variação; ali onde se queria função, ela pode ser arte. A escola ainda pulsa. E o currículo, se tomado como campo de invenção, pode tornar-se lugar de resistência viva, sensível e comum.