“EU ACHO QUE MUDEI O MEU JEITO DE TRABALHAR”: ATIVIDADE DOCENTE E RENORMATIZAÇÃO E SAÚDE EM DIÁLOGOS INACABADOS

Nome: JOSÉ AGOSTINHO CORREIA JUNIOR
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 23/04/2018
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MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS Orientador

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MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS Orientador

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Resumo: “Eu acho que mudei o meu jeito [de trabalhar]. Uma hora a gente aprende”. Essas são apenas uma das diversas falas de Mariana, professora de Ciências da rede pública de ensino da Grande Vitória – Espírito Santo, participante desta pesquisa (de inspiração cartográfica) que teve como objetivo conhecer o modo como os docentes criam formas de viver e trabalhar. Por meio de um dispositivo chamado confrontoconversação, foi possível ter acesso às dimensões da atividade e do gênero profissional e do estilo na docência, conceitos-chave da clínica da atividade, ferramenta metodológico-teórica com a qual nos aliançamos. Tal dispositivo tem como inspiração a autoconfrontação simples e a autoconfrontação cruzada de Yves Clot e colaboradores. Método indireto indutor do diálogo, a autoconfrontação possibilita aos trabalhadores discutir sobre os processos de trabalho nos quais estão intrinsecamente imbricados. A partir de uma confrontoconversação (simples) entre Agostinho e Bernadeth – pesquisadora do Programa de Investigação e Formação em Saúde do Trabalhador da Universidade Federal do Espírito Santo (Pfist/Ufes), produziu-se uma outra confrontoconversação (cruzada) entre Agostinho e Mariana. Dentre as principais questões emergidas a partir dos diálogos com a professora de Ciências, destacam-se o controle disciplinar de turma e as estratégias didáticas utilizadas nas aulas. Verificou-se que a conversa pouco problematizou as políticas de aprendizagem que se deslocam na contramão dos modelos hegemônicos arborescentes/decalcados, pautados na representação de um mundo preexistente, dado a priori. Não obstante, o diálogo convocou para o debate outras questões concernentes ao trabalho e à própria vida dos trabalhadores. Dentre elas, elenca-se a produção de saúde e subjetividades como efeito de renormatização, ou seja, da capacidade dos vivos de criar novas normas ou modificar as já existentes diante das infidelidades do meio em constante variação. A atividade docente (e também a de pesquisa), como processo inventivo e genérico e estilístico, supera qualquer tentativa de enclausuramento do trabalho por meras prescrições e automatismos. Partindo desse éthos-atividade, a política de escrita desta pesquisa desdobra-se na estética da experiment(renormatiz)ação, tendo como inspiração o abecedário de Gilles Deleuze, filósofo francês e um dos intercessores desta pesquisa. Cabe sublinhar que os diálogos com o trabalho docente, do ponto de vista da atividade, são inacabados, uma vez que estão constantemente abastecidos pelas experiências dos professores.

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