PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM SALAS MULTISSERIADAS DE ESCOLAS DO CAMPO NO MUNICÍPIO DE VARGEM ALTA/ES: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Nome: LUCIANA MARTA ALVES SILVA
Data de publicação: 17/02/2025
Banca:
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Papel |
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ANDREIA WEISS | Examinador Externo |
CHARLES MORETO | Examinador Externo |
DEBORA MONTEIRO DO AMARAL | Presidente |
MARICLEIDE PEREIRA DE LIMA MENDES | Examinador Externo |
SOLER GONZALEZ | Examinador Interno |
Resumo: A pesquisa tem como objetivo geral compreender como a formação continuada, por meio dos programas de formação “Escola Ativa” e “Extensão Escola da Terra”, de professores e professoras de salas multisseriadas de cinco escolas do campo do município de Vargem Alta/ES pode contribuir com práticas pedagógicas humanizadoras nesse espaço. Para isso, considerou os programas de formação “Escola Ativa” e “Extensão Escola da Terra”, ambos implementados no município de Vargem Alta/ES, em parceria com os governos estadual e federal, por meio do Ministério da Educação (MEC) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), tendo como instituição pública responsável pela formação a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Foram analisadas as contribuições das formações e sua relação com a produção de práticas pedagógicas críticas e currículos alinhados à proposta da Educação do Campo, contemplando seus saberes e sua matriz cultural. A Educação do Campo apresenta um viés de um processo educativo que busca a transformação social e, para isso, a realidade é problematizada e trazida para o debate. Apoiada em referenciais teóricos que versam sobre a Educação do Campo, bem como na legislação que a subsidia a partir de 1990, autores como Paulo Freire, Carlos Rodrigues Brandão, Miguel Arroyo, Gaudêncio Frigoto, Roseli Caldart, Salomão Mufarrage Hage e outros ofereceram subsídios para uma análise que destaca a formação de professores como um instrumento fundamental para a efetivação de práticas pedagógicas críticas. Uma formação que busque evitar a fragmentação de conteúdos fora do contexto, promovendo uma abordagem que integre a realidade dos estudantes, permitindo que interajam e demonstrem seus saberes de forma articulada. Para o alcance dos objetivos da pesquisa e uma maior clareza dos desafios, possibilidades e contribuições da formação de professores, foi realizada pesquisa de campo e participante, de abordagem qualitativa, que envolveu análise das publicações das formações citadas, observação e entrevista semiestruturada com cinco professoras. A interpretação e a discussão dos dados produzidos se apoiaram na análise de conteúdo de Bardin (1977) e em autores que versam sobre a temática. Os resultados das análises demonstram que os programas de formação continuada realizados de 2009 a 2020, apesar de apresentarem limitações (sendo “um pacote educacional”), muito contribuíram para a compreensão da concepção de Educação do Campo e, principalmente, para aproximar a escola e a comunidade, repensar o currículo com os sujeitos, dialogar sobre as práticas pedagógicas, a partir de pressupostos teóricos do campo, numa perspectiva contra-hegemônica. No entanto, a pesquisa aponta que, no município, as políticas ainda não avançaram no sentido de ofertar a formação continuada para as professoras das salas multisseriadas, sendo de fundamental importância a continuidade da realização de programas de formação. Entretanto, devem ser programas realizados a partir do contexto local, para que as professoras possam realizar suas atividades pedagógicas e fortalecer a Educação do Campo de forma a reverberar ações mais profícuas e duradouras. Assim, compreende-se que as professoras têm realizado o trabalho pedagógico conforme as concepções desenvolvidas nas formações, mas há uma grande necessidade de realizar encontros formativos para que a Educação do Campo possa estabelecer sua identidade cultural e atender às demandas locais.