UM RETRATO DA VIOLÊNCIA (AUTO)PROVOCADA ENTRE ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE GUARAPARI-ES
Nome: SHUANA LOUZADA CYPRIANO SIMAS
Data de publicação: 26/03/2025
Banca:
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Papel |
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ELIZABETE BASSANI | Presidente |
JAIR RONCHI FILHO | Examinador Interno |
JANINHA GERKE | Examinador Interno |
MÁRCIA MOREIRA DE ARAÚJO | Examinador Externo |
MARCOS ROBERTO VIEIRA GARCIA | Examinador Externo |
Resumo: Pesquisas realizadas nos últimos anos evidenciam um aumento significativo dos registros de violência autoprovocada no Brasil. A complexidade desse problema, associada à vulnerabilidade de parcela significativa da população, destaca a necessidade de compreendermos os determinantes dessa violência e suas interrelações com o cotidiano escolar. Esta dissertação aborda o tema como um fenômeno multicausal, enraizado nas dinâmicas opressivas e desiguais da sociedade. O objetivo central do estudo foi identificar o perfil dos estudantes matriculados no ano de 2022 com comportamento de violência autoprovocada em uma escola pública de ensino fundamental do município de Guarapari-ES, assim como a legislação vigente nos âmbitos federal, estadual e municipal. Fundamentada em uma perspectiva crítica, com autores como Maria Helena Souza Patto, Maria Cecília de Souza Minayo, Maria Aparecida Affonso Moysés, Cecília Azevedo Lima Collares, Theodor W. Adorno e Ivan Illich, a pesquisa seguiu abordagem qualiquantitativa e os métodos bibliográfico e documental. Como produto educacional, foi elaborado um caderno orientador para educadores, abordando a violência autoprovocada com uma perspectiva inclusiva e desmedicalizante. Os resultados indicaram que a maioria dos 17 estudantes participantes é composta por adolescentes pretos ou pardos, do sexo feminino, com idades entre 13 e 14 anos, residentes em favelas, evidenciando a intersecção de gênero, raça e classe social. O estudo revelou desigualdades estruturais, exclusões sociais e violências intrafamiliar e institucional associadas ao comportamento de violência autoprovocada. Além disso, destacou a medicalização do sofrimento e a transferência de responsabilidades para a assistência médica e social, reafirmando a necessidade de a escola atuar como espaço de inclusão, acolhimento e transformação social. Como contribuição, a pesquisa compreende a violência autoprovocada como reflexo de desigualdades estruturais, oferecendo subsídios críticos para a formulação de políticas públicas que assegurem condições de trabalho dignas aos educadores e um ambiente acolhedor e transformador para os estudantes.